sábado, 11 de abril de 2009

Quem já está lá

Trinta e seis. Segundo a lista de entradas do Hoopsworld, este é o número de atletas universitários que se inscreveram no próximo draft, até o momento. Lógico, a quantidade de elegíveis já é muito maior, pois esta lista não conta os seniors, ou seja, os jogadores que terminaram a Universidade e estão cadastrados no recrutamento automaticamente - sem precisar de nenhum manifesto oficial.

O prazo para que os jogadores que ainda não terminaram o ciclo universitário possam se inscrever é 26 de abril. Então, existe tempo suficiente para que muitos outros atletas anunciem sua intenção de presença no recrutamento - o que deve acontecer. No entanto, como já disse em uma postagem anterior, apenas estar na lista não obriga ou garante a participação no draft. O jogador pode retirar seu nome da relação até 15 de junho. Aquele que realmente tiver interesse em ser recrutado, até a mesma data, precisa oficializar a contratação de um empresário.

Ao assinar com um empresário, sua possibilidade de rescindir sua elegibilidade acaba - você está, obrigatoriamente, no draft. Dos 36 jogadores relacionados pelo Hoopsworld, apenas 16 possuem agentes - ou seja, já estão lá. Aqui vai meus comentários sobre alguns deles:


Chase Budinger (Arizona - SF)
Junior - 21 anos

Budinger é um ala atlético, explosivo e um exímio arremessador, com um bom conhecimento de todos os fundamentos. No entanto, sua defesa é fraca até para o nível universitário e não é capaz de criar seus próprios arremessos. Os recrutadores gostam da inteligência que Budinger mostra em quadra, mas questionam até onde seu jogo pode ser traduzido entre os profissionais. Dúvida que compartilho com eles. Sua conduta voluntariosa é uma virtude, mas também acusa a falta de instinto agressivo de Chase em relação à cesta. Acredito que ele pode ter uma carreira sólida na NBA como um especialista em arremessos, mas nada muito além disso. As comparações com Brent Barry são bastante pertinentes. Deverá ser selecionado no final da primeira rodada.


Earl Clark (Louisville - SF)
Junior - 21 anos

Clark é atleta e jogador de basquete por excelência, combinando um excelente conhecimento dos fundamentos do esporte com a explosão, envergadura e atleticismo ideais para se destacar entre os profissionais. Seu jogo em transição e capacidade de assumir múltiplas funções e posições em quadra é impressionante. Os recrutadores enxergam real talento de elite em Clark e amam sua versatilidade. No entanto, se preocupam muito com a sua inconstância e seu aproveitamento nos arremessos de média e longa distância. Além disso, há divergências sobre em qual posição Clark se encaixaria na NBA - por este motivo, as comparações são diversas. Mantenho firme que Earl passa-me a impressão de um Boris Diaw melhorado, especialmente se melhorar seu arremesso. Deverá ser um dos 15 primeiros escolhidos do recrutamento.


Tyreke Evans (Memphis - SG/PG)
Freshman - 19 anos

Credenciado por ótimas atuações na NCAA, Evans está deixando Memphis em muito por causa da saída do treinador John Calipari, que vai para Kentucky. O que mais impressiona em Tyreke é seu instinto ofensivo, agressividade em relação à cesta, maximizado por atleticismo e condição física de elite. Além disso, é um defensor melhor do que recebe crédito e cria oportunidades para si e seus companheiros. Embora exista muito entusiasmo em torno dele, é evidente que mais um ano universitário seria muito importante. Evans não tem um bom arremesso e "perde o controle" em alguns momentos, precipitando ataques. Embora seja PG de formação e precise da bola nas mãos para ser efetivo, muitos recrutadores questionam a capacidade do garoto em armar uma equipe profissional. Os números sustentam a dúvida: em 29 minutos por noite, dá apenas 3.9 assistências, contrabalanceadas por absurdos 3.6 erros de ataque. Na minha opinião, Evans tem dois caminhos: desenvolver suas habilidades de armação ou um arremesso mais consistente. Talento e potencial não faltam, mas ele está preso entre duas posições (SG e PG) e isso sempre prejudica ótimos prospectos. Compará-lo com Larry Hughes - como muitos estão fazendo - é superestimar seu arremesso e subestimar seu potencial. Rodney Stuckey e uma versão bastante melhorada de Mardy Collins são paralelos mais realistas. Vai ser difícil passar das 15 primeiras seleções. 


Blake Griffin (Oklahoma - PF)
Sophomore - 20 anos

Neste momento, Blake Griffin é a indiscutível primeira escolha do recrutamento. O jogador mais dominante da temporada universitária (22.7 pontos e 14.4 rebotes) tem o pacote técnico, físico e atlético para causar impacto imediato entre os profissionais. Se existe um astro neste draft, ele é Blake Griffin. Ele possui um arsenal ofensivo vasto e muito eficiente, além de ser uma máquina de pegar rebotes. Áreas menos desenvolvidas do seu jogo, como a defesa e arremessos de média distância, mostraram evolução considerável durante a temporada. Como já disse, não vejo Blake anulando jogadores entre os profissionais, mas também não vejo ninguém anulando-o. Tem tudo para ser uma versão melhorada e mais agressiva de Carlos Boozer.


James Harden (Arizona State - SG)
Sophomore - 19 anos 

Harden é um jogador à moda antiga. Sua altura, envergadura e atleticismo são apenas medianos em comparação com outros jogadores universitários e prospectos. No entanto, o sophomore tem uma compreensão espetacular da dinâmica do jogo e qualidade técnica muito acima da média. Apesar de ser um dos scorers mais eficientes do basquete universitário - capaz de pontuar de todos os pontos da quadra - ele também é capaz de criar oportunidades para seus companheiros. Seu jogo sempre está à serviço do coletivo e a capacidade defensiva de Harden é subestimada. É, provavelmente, um dos jogadores mais inteligentes e com o melhor senso de decisão entre os universitários. A fraca atuação no Torneio da NCAA e o alto número de erros de ataque (3.4 por jogo, em grande parte por seu questionável controle de bola) são as maiores preocupações dos recrutadores, o que passa longe de torná-lo uma escolha arriscada. Um Brandon Roy menos talentoso é um bom paralelo para o ala-armador de 19 anos. Harden tem boas chances de ser uma das cinco primeiras escolhas do draft.


James Johnson (Wake Forest - SF/PF)
Sophomore - 22 anos

Atleta por excelência com bom conhecimento dos fundamentos do jogo, James Johnson é um ala capaz de jogar e pontuar dentro e fora do garrafão. Sua capacidade ofensiva é digna do basquete profissional, ajudada pela eficiência do seu trabalho de pernas e surpreendente versatilidade no perímetro. Apesar de mostrar intensidade e empenho, o instinto ofensivo de Johnson costuma levá-lo a tomar decisões precipitadas e seu QI dentro de quadra é bastante questionável. Muitos recrutadores gostam da versatilidade do ala, mas sua habilidade de marcar em nível profissional é duvidosa, pois baseia-se mais em atributos físicos do que em fundamentos defensivos. Johnson não me empolga. As comparações com Ryan Gomes (que também nunca me empolgou) são bem pertinentes. Ele está previsto para ser selecionado na segunda metade da primeira rodada.


BJ Mullens (Ohio State - C)
Freshman - 19 anos


BJ Mullens vai para o basquete profissional por dificuldades financeiras. Este é um dos poucos motivos para argumentar sua elegibilidade, pois ele não está preparado para a NBA. Após uma temporada, o pivô não conseguiu sair da reserva de Ohio State. Apesar de ter a envergadura, atleticismo e força física necessários para causar impacto imediato entre os profissionais, BJ carece de base técnica e um jogo mais polido, especialmente na defesa. Além disso, ele precisa adquirir maturidade - dentro e fora de quadra. Mas o pouco tempo de ação também não deu a chance para que o pivô mostrasse seus bons instintos ofensivos e alguns eficientes recursos que possui no ataque. A decisão de precipitar a saída do basquete universitário trouxe comparações com Robert Swift, mas BJ é mais talentoso e, fisicamente, está mais pronto para a NBA. A maioria dos sites comparam Mullens com Chris Kaman, mas ele ainda não jogou o bastante para fazer valer paralelos. Mesmo com todos os poréns, os recrutadores sabem que um talento como Mullens, em um draft pouco estrelar como este, ainda vale uma escolha de primeira rodada - para um time que tenha a paciência de deixá-lo alguns anos com um bom tutor. Ele pode ser muito bom. E, segundo muitos treinadores, a maioria dos pivôs altos saem do high school mais preparados para o basquete profissional do que para o universitário.


DaJuan Summers (Georgetown - SF)
Junior - 21 anos


DaJuan Summers é outro ala atlético, explosivo e com um físico pronto para a NBA que pode jogar dentro e fora do garrafão. No entanto, com sua precisão nos arremessos, ele é um atleta muito mais adequado para o jogo de perímetro. Além disso, DaJuan reboteia e assistencia com mais propriedade do que as estatísticas evidenciam (médias de 4.1 rebotes e 1.3 assistências). Defensivamente, Summers sabe utilizar sua envergadura para atrapalhar os adversários, mas não é um especialista, embora os recrutadores enxerguem nele a qualidade técnica para que torne-se um especialista em defesa entre os profissionais. Embora arremesse com excelência, DaJuan não tem apurada capacidade de criar seus arremessos e desperdiça muitas posses de bola. Quando bem marcado, ele também costuma forçar arremessos e jogadas de baixo acerto. Deverá ser escolhido entre as escolhas 25 e 35. Pelo pouco que vi jogar, ele me lembra Wilson Chandler - até mesmo pela capacidade (desperdiçada) de ser um grande defensor.


Jordan Hill (Arizona - PF)
Junior - 21 anos


O terceiro ano no basquete universitário trouxe o salto de qualidade que Jordan Hill precisava para se consolidar como um prospecto confiável. Os recrutadores estão impressionados com a sua capacidade de rebotear (foram 11 por jogo, na última temporada) e fazer o "trabalho sujo", mas questionam a falta de força física do ala-pivô. No entanto, o seu pacote de envergadura, atleticismo e intensidade dentro de quadra provou-se muito eficiente para compensá-la. Hill também é um defensor sólido e jogador bastante competitivo. Seu jogo ofensivo ainda é pouco desenvolvido, mas possui alguns movimentos muito efetivos e seu alto potencial para finalizar próximo da cesta é traduzido pela média de 18.3 pontos que conseguiu na última temporada. Entre os profissionais, só precisa tomar cuidado com as faltas. Uma versão melhorada de Chris Wilcox é uma previsão bastante realista. Deverá ser uma das sete primeiras escolhas do draft.


Na lista, também estão cinco prospectos internacionais: o armador francês Rodrigue Beaubouis, o pivô do Níger Aboubakar Zaki, o ala francês Fernando Raposo, o ala israelense Omri Casspi e o ala montenegrino Vladimir Dasic. Os dois últimos têm boas chances de serem selecionadas na segunda rodada. No entanto, os principais prospectos estrangeiros esperados são o armador espanhol Ricky Rubio e o ala-pivô lituano Donatas Motiejunas.

Outros dois jogadores universitários estão garantidos no recrutamento: o ala-pivô Brandon Costner (North Carolina State) e o armador Daniel Hackett (USC). Ambos não devem ser selecionados. Por ter tirado passaporte italiano recentemente, é provável que Hackett esteja visando o basquete europeu, não a NBA.

Nenhum comentário: