quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saber vender

Meu irmão é estudante universitário de publicidade e propaganda. Na última semana, ele comprou um livro sobre marketing esportivo e, depois de alguns comentários, reforçou algo que acho básico: é necessário saber vender o seu produto, não importa quão ruim ou bom seja. Para isso, acredito, que servem as estratégias de publicidade, que ele está aprendendo.

Este preceito fundamental se aplica brilhantemente ao caso do armador Jamaal Tinsley. O GM da franquia, Larry Bird, não quer mais o jogador no elenco. Já disse que pretende trocá-lo e considera, até mesmo, efetuar um buyout, ou seja, “comprar” o resto do contrato do atleta, que vale U$21 milhões. Uma transação cara e desnecessária, uma vez que Tinsley tinha valor de mercado.

Tinha porque é um bom jogador, de grande potencial. Mas tinha é passado. Ao dizer abertamente que pensa, seriamente, em dispensar o atleta, Bird desvalorizou bruscamente o armador. A lógica é bem simples: por que vou ceder jogadores para o Pacers, se poderei ter Tinsley, em um futuro breve, de graça?

Neste momento, o dirigente sofre com as propostas que tem em mãos: ruins e que não condizem com o talento e qualidade de Tinsley. Agora, os times só oferecem trocas por jogadores ruins ou dispensáveis e contratos ruins. Por quê? Por pior que o armador (o produto) seja ou esteja, é preciso valorizá-lo. Valor é um atributo agregado. E, hoje, a franquia não valoriza – agrega valor – ao atleta.

O Warriors tinha uma proposta interessante para a equipe de Indiana, disposto a ceder o ala Al Harrington. O rumor perdeu força, nos últimos dias. A possibilidade existe, mas tornou-se mais remota. Talvez, esta fosse a única oferta de real valor que Larry Bird poderia ter em mãos. Cada dia que passa, a franquia caminha para desembolsar U$21 milhões.

Existe ainda outra possibilidade, levemente cogitada durante a última semana. O Pacers estaria pronto para mandar Tinsley para casa, mantê-lo ganhando sem jogar, até aparecer uma alternativa para liberá-lo. Soa coerente, mas também é improvável. Queimar uma vaga no elenco por puro erro estratégico não é o caminho – ainda mais para uma franquia em reconstrução.

Larry Bird foi um excelente jogador e já deu sinais de que possui potencial para ser um ótimo dirigente. No entanto, possui defeitos muito prejudiciais: é explosivo e temperamental demais. Com Jermaine O’Neal, tinha brigas constantes, aos olhos da imprensa. Com Tinsley, não mediu palavras e minou chances de transação.

Bird fez um ótimo trabalho na off-season, visando reconstruir uma base, mas, com este comportamento, poderá colocar tudo a perder. Nele, sobra o jogador e falta o dirigente, o vendedor.

Um comentário:

Anônimo disse...

realmente falta uma visao empreendedora para larry bird....

ao dizer que nao quer tinsley ele simplesmente destroi toda a moral que o jogador tinha.... e consequentemente seu valor de mercado.... agora se ferrou ^^