sexta-feira, 25 de abril de 2008

Herói e vilão

A maioria das pessoas está focando suas atenções em séries de playoffs envolvendos grandes equipes e/ou rivalidades. Por questões pessoais e cobrindo os resumos do NBA Jumper, estou acompanhando a disputa entre Toronto Raptors e Orlando Magic. Uma série que muitos já definiram como a mais desestimulante e sem graça desta primeira rodada.

As duas equipes podem não empolgar, mas estou muito satisfeito. Raptors e Magic é, do ponto de vista tático, a melhor série disparada deste round inicial. A única que teve variações consistentes nos quintetos iniciais e posturas de jogo. Além de, a margem da quadra, Sam Mitchell e Stan Van Gundy estarem travando um interessante duelo.

Levando em conta a temporada regular, tudo levava a crer que o perímetro de Orlando definiria a série. Duas vitórias em três confrontos da temporada regular para o Magic, sempre contando com participação decisiva de Hidayet Turkoglu. Por outro lado, com os alas e armadores titulares do Raptors sem participação ofensiva mais ativa.

Mitchell compreendeu a pergunta, mas respondeu errado. Sacou o titular (e excelente defensor) Jamario Moon para efetivar Andrea Bargnani. Um time mais alto para encarar a trinca alta da Florida (Howard / Lewis / Turkoglu) e um pontuador nato no perímetro, para dar mais agressividade. Deu errado. A defesa canadense piorou vertiginosamente e o perímetro de Orlando acertou inúmeras bolas de três. Bargnani, pouco inspirado, quase nada produziu.

Perdeu o jogo um assim. Manteve a formação na segunda partida e tomou nova "surra" no primeiro período. O perímetro de Orlando parou de converter arremessos e Mitchell apostou em um time mais baixo. Um quinteto com o ex-titular Moon e sem o pivô Rasho Nesterovic. O Raptors encostou e quase venceu. Só não chegou ao triunfo porque Dwight Howard continuou fazendo a diferença no garrafão, amparado por um sistema muito efetivo mantido por Van Gundy - chamar a atenção das defesas para a linha de três pontos.

Na partida três, Mitchell corrigiu o seu erro e colocou em quadra um alinhamento mais baixo, com Moon e sem Nesterovic - que havia dado resultado no encontro anterior. E as coisas mudaram mesmo. Foi o Raptors quem disparou no marcador e venceu tranqüilamente o embate. Na verdade, o treinador da franquia do Canadá moldou seu time ao adversário, montando um quinteto baseado na agilidade.

O Magic joga com Howard no garrafão e quatro jogadores abertos. Eventualmente, Lewis ou Turkoglu encostam mais no pivô e fazem o papel de um "falso homem de garrafão". Nesta série, Van Gundy pouco recorreu a esta tática. O que Sam Mitchell fez foi montar um time igualmente composto por um pivô e quatro alas e/ou armadores.

Batendo quatro contra quatro na linha de três pontos, o Magic ficou sem o "jogador da sobra" (Evans, geralmente) para aparecer livre e arremessar. Encontrou uma barreira q impedia a penetração e dificultava os tiros. Com uma compulsão incomum, os atletas de Orlando chutaram bolas de três mesmo nesta situação. Previsivelmente, erraram.

Enquanto isso, na área pintada, estavam Howard e Bosh. Com a barreira de quatro jogadores no perímetro e sem um segundo pivô, o Magic encontrou dificuldade para servir o "Superman". Quando ele recebia, era marcado por um jogador mais ágil e rápido. Não por acaso, Bosh cavou três faltas de ataque sobre Howard. Primeiro jogo da série em que D-12 acabou pendurado.

Van Gundy já está preparado para o jogo quatro. Quando o "time baixo" estiver em quadra, o treinador já anunciou que aproveitará o pivô novato Marcin Gortat - um pivô de maior mobilidade, mas que joga no garrafão. Enquanto isso, Mitchell goza a mudança de vilão (o erro na escalação da equipe nos dois jogos iniciais) para herói (o mentor do time mais baixo que venceu sem dificuldade o aparente "bicho-papão"). Até o próximo jogo!

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